quinta-feira, 4 de junho de 2009

as duas dores

O objetivo do blog não é reproduzir textos, mas esse eu não poderia deixar de postar aqui. Obrigada Dai, que me passou esse texto em um momento muito oportuno.

Existem duas dores de amor:A primeira é quando a relação termina e a gente,seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,já que ainda estamos tão embrulhados na dorque não conseguimos ver luz no fim do túnel. A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,lembrança de uma época bonita que foi vivida…Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à quala gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,que de certa maneira entranhou-se na gente,e que só com muito esforço é possível alforriar.É uma dor mais amena, quase imperceptível.Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’propriamente dita. É uma dor que nos confunde.Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nosdeixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos porela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.É o arremate de uma história que terminou,externamente, sem nossa concordância,mas que precisa também sair de dentro da gente…E só então a gente poderá amar, de novo.
(Martha Medeiros)

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