segunda-feira, 14 de junho de 2010

menina da noite, mulher do vento


Quando a noite cai, um sol se levanta em mim. Deito a rosto perto da janela e abro os olhos para mergulhar na noite. Gosto do céu estrelado, do cheiro da escuridão, da chuva e do vento. Quando era pequena, sonhava com uma cama que fosse como uma sacada coberta de vidro, um pouco fora do quarto e dentro do nada. Para eu poder contar estrelas à noite e criar sentido para as nuvens. Criar significados também dentro de mim.

Lembro de olhar o céu também quando andava de carro, imaginando o porquê de estar no mundo. Eu devia ter quatro anos e ninguém sabia de meus pensamentos. Hoje eu falo demais, mas nem sempre conto meus devaneios. Sou um mistério para mim mesma. E adoro poder me descobrir. Sempre e cada vez mais. Mesmo sem falar e contar ao próprio vento quem sou.