segunda-feira, 16 de abril de 2012

Da ordem dos furacões

Tsunamis, abalos sísmicos, furacões e tornados. Assim como a natureza tem a sua classe de intempéries causadoras de mudanças avassaladoras, a vida e os relacionamentos também têm. Mudança de emprego repentina, morte, demissão do trabalho e da vida amorosa. Fins em conta gotas ou fins devastadores. Todo o final é perturbador. Todos os fins nos tiram pedaços e nos fazem retornar a nossa forma primária, a nossa constituição de minério de ferro e não mais ao diamante lapidado que achávamos que tínhamos nos tornado.

Tornados na vida causam tristeza, arrancam certezas. E vamos dizer que deveríamos estar preparados. Vamos dizer que piscamos o olho, que baixamos a guarda e levamos um direto. Mas a verdade é que nada poderia ter evitado essa mudança. Assim como nos fenômenos climáticos, nem as previsões meteorológicas podem evitar que recebamos rajadas de vento de 200km/h. Podemos até prever...mas não podemos evitar, na maioria das vezes.

Buscar culpados, questionar “onde é que eu errei”, tudo isso, para mim, é dispensável. A pergunta certa é “como posso acertar”? O que, ao meu alcance, pode ser mudado? A vida deixada na mão dos outros fica frágil demais. Em muitos momentos teremos que nos entregar para viver...confiar no amor, confiar na segurança que ele traz, confiar na estabilidade do salário mensal para investir em uma casa em um carro...mas quando o tsunami vier a nossa única defesa será o que realmente somos e as nossas possibilidades. Nós mesmos e nossa flexibilidade. Nós mesmos e nosso amor-próprio. Nós mesmos e nossa vontade de se reinventar.

George Cloney em seu papel em Amor sem Escalas repete uma frase que, aos ouvidos de alguém que está no olho do furacão, parece uma bela de uma desculpa esfarrapada. Uma frase sem sentido frente à dor de uma perda (no caso do filme, a perda do emprego). “Todo mundo que já construiu um império, ou mudou o mundo, passou pelo que você passou agora. E é porque eles passaram por isso que foram capazes de fazê-lo”. Eu teria vontade de quebrar a cara dele se estivesse sentindo que meu chão havia se destruído debaixo dos meus pés, mas a cruel verdade é que ele está certo. Bons socos e tempestades da vida, seja por nocaute e com rajadas de vento destruidoras, nos fazem crescer e se reconstruir.

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