segunda-feira, 27 de julho de 2009

um senhor bonito

Tive que deixar de lado a matéria ainda inacabada da revista e a apresentação para a defesa do trabalho de conclusão da pós de lado, para abrir a minha brecha no tempo, olhar pela janela, dar um suspiro em meio a essa respiração frenética e incessante que é a vida. Emoções diferentes, a todo momento, me circundam. Reajo de várias formas. Às vezes com revolta, outras com preguiça e desistência e, em alguns instantes, dando minha mão, emprestando minhas lágrimas para chorar também a dor de quem me rodeia. E então, ele vem me dar a resposta. Não foi à toa que soou em minha cabeça o dia todo, no modo repeat, uma das pérolas do Caetano, - tempo, tempo, tempo, tempo, compositor de destinos, tambor de todos os ritmos – a música que me fez decifrar algumas das dúvidas existenciais que tenho. Ele é minha certeza e minha esperança. Porque passa e ninguém pode contestar, está ali, no barulho constante dos ponteiros que marcam instantes que a gente não pode mudar, não pode prever ou controlar. Eu fiz um acordo com ele assim como o nosso compositor. De confiar em sua exatidão, em sua sabedoria, em sua implacabilidade que não tem modéstia e nem piedade. Mas que sabe dar presentes àqueles que merecem, àqueles que souberam fazer de seus caminhos tortuosos formas de lapidar a alma. Admiro este deus, e entrego, um pouco da minha vida em suas mãos, porque responsabilizar-me sozinha por minha felicidade tem sido um fardo árduo demais – e quando eu tiver saído para fora do teu círculo, tempo, tempo, tempo, tempo, não serei, nem terás sido.

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