sexta-feira, 10 de julho de 2009

divagações textuais

Faz dias que sinto aquela coceirinha de escrever. Dentro da lotação, sozinha, desperdiçando meu tempo no engarrafamento de 30 minutos pra descer a Garibaldi da Independência até a Ir. José Otão. Mil ideias surgem, como fogos de artifício criativos. Mas não há papel, nem intimidade para poder expressá-las em alguns momentos.

Quando um tema parece ter sido eleito, logo perde seu significado, e se esvai como essa cerração de hoje de manhã (o sol ainda não rachou), perdendo a substância que embasariam os meus argumentos, tornando-se algo tão banal como falar de rotina. Surgem novos motes para o meu texto. A engraçada permanência de alguns rituais em nossas vidas, a percepção de que os anos estão passando pela quantidade e tipos de convites para esses rituais que você começa a ser convidado (eu agora estou na fase dos casamentos, meu avô no último fim de semana reclamou que não agüenta mais ir a velórios). A minha revolta pela agenda setting da mídia, que cria fenômenos por si só, como foi essa semana com a Gripe A, foi outra das minhas ideias. Em dois dias, tivemos solicitações de toda a imprensa, seja impressa, televisiva, digital, para saber o mesmo e tão insignificante fato, ao meu ver. A gripe já é pandemia, todo mundo sabe que ela mata menos do que a influenza que estamos acostumados a contrair todos os anos, mas mesmo assim, a reação dos órgãos públicos e outras instituições a esse vírus merece páginas e páginas de jornal.

Passaram assuntos e nenhum embasou o meu texto. A verdade é que até para escrever dependemos do tal “instante mágico” ou do “momento decisivo” que tanto sabia capturar Henry Cartier Bresson, um dos melhores fotógrafos que o mundo já viu. Se passa a coceirinha, pronto, lá de foi, sublimado no espaço, aquele texto, aquela construção de argumentos e palavras arranjadas, única, que se fez e não foi impressa em nenhuma interface que o pudesse eternizar. O tempo passou e muitas das minhas divagações se perderam nesse tempo de lacuna. Mas o bom é que até a própria narrativa desse dilema, já o remedia. Habemos textum!

Um comentário:

  1. Adorei amiga. Muito fácil se identificar com as tuas sábias palavras. Axé pra nós. Bjs. Michele

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